Adeus, Ano Novo...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Discordo. Do quê? Por quê?
Até parece que sou um do-contra. Conheceis o estereótipo? Bom, vejamos abaixo se meu raciocínio é digno de um do-contra, ou não...

Nos últimos dias andamos todos às voltas balbuciando repetidamente as mesmas palavras.
Palvaras estas que, como versam (suponho) as teorias da linguagem (se é que isso existe) , organizadas de certas formas, tomam um sentido que transcende o significado isolado de cada uma, num hipotético belíssimo exemplo do significado do verbete sinergia.
Ora, pois, vem aqui este reles ser e vos brada que discorda. E discordo, sim! Por quê?

Por que, para mim, Feliz Ano Novo é uma frase sem identidade. Uma oração em busca de um sentido para si - ao menos da forma como a utilizamos.

Confessa, escasso leitor, confessa que pronunciaste estas ditas palavras incontáveis vezes nos últimos dias! Confessa que, em tantas destas oportunidades, a pronunciaste de forma mecânica, seguindo um velho e arraigado hábito da cultura onde foste criado, sem que tenhas ao menos desejado algo, fosse de bom ou mau, para teu interlocutor!

Eis o meu porquê! Esta nossa sociedade, sim, esta que se vê revestida de ouro e pérolas, mas que no fundo, no íntimo, no âmago, no coração, é vazia, podre, e sem valor, como um cântaro da mais nobre cerâmica que em seu interior guarda um líquido rançoso, putrefato e desagradável - reconhece, leitor, aceita a verdade nua e crua! É ela e seus costumes e tradições, que te compeliram a, sem mesmo refletir, pronunciar as ditas palavras!

Ah, quem me dera ser como os índios, aqueles que só contam dias, noites e luas, não sabendo em que ano estão, nem quando deste passam ao próximo, nem quando foi o anterior. Santa ignorância! Para estes, ao menos, é esta ignorância que os liberta, os priva do social dever de, durante trinta ou sessenta dias por ano, balbuciar a quem quer que cruze o seu caminho insossas, vazias e mortas palavras, jogadas ao vento e desprovidas de seu belo significado original.

Pois bem, havia-vos avisado - sou um do-contra.