sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
e então?
não sei dizer.
o fato é que consigo perceber, mas não expressar a você, que agora me lê.
Não leia estas linhas!
Não leia estes posts!
Não percas tempo aqui nestes textos imóveis: Passa a ler agora os meus lábios, meu rosto, meus fios de cabelo, minha pele, meus joelhos e pés. Lê minhas ondas cerebrais. Consome minha massa cinzenta e a carne do meu coração. Aproveita o sangue enquanto está ainda morno, pulsante! Estou aqui, como um livro inédito, palavras como que ao vento e ao sabor das ondas do mar, mas o fato é que sou e estou como páginas repletas de sentenças quem sabe sem nexo, mas talvez com duplo sentido.
Um livro não se faz ler, apenas aguarda pacientemente até ser aberto e lido.
Contrariando a convenção, apresento por conta própria as minhas páginas e faço com que os parágrafos delas saltem, pululem e dancem pelo ar, circundando as árvores, os automóveis, os postes, as lojas e a tua suave, delicada cintura e o teu rosto. Acariciando tuas sobrancelhas e o cabelo, estas palavras hão de adentrar os teus ouvidos e ecoar dentro do teu peito, para lá dentro da tua alma calarem.
Silêncio.
Um hiatus atemporal. Pausa-se a imagem do filme e as páginas se esvaziam.
Soltarei a respiração quando as palavras que deixaram as minhas páginas encontrarem a hospitalidade da moradia do teu ser.